- Preço (Angola): 5.000 Kz
- Preço (Portugal): 15,00 €
- Autor: João Ngola Trindade
- Editora (Angola): Alende – Edições
- Editora (Portugal): Perfil Criativo – Edições (www.AUTORES.club)
- Ano de publicação: Agosto de 2018 – Primeira edição
- ISBN: 978-989-54139-0-4
- Nº de páginas: 88
- Capa: Capa dura (edição especial de biblioteca)
- Medidas (Alt. x Larg. x Lombada): 150 x 230 x 11 mm
- Peso: 0,300 Kg
- Colecção:—
- Observações:—
- Código ALENDE: 0002/2018
A publicação deste livro representa o culminar de um período que teve início em 2012 quando, ainda na qualidade de estudante e com o apoio do Professor Doutor Patrício Batsîkama, dei início aos primeiros “exercícios de reflexão” sobre temas relativos à História de Angola, que viriam inicialmente a ser publicados pelo Semanário Folha 8, do qual guardo boa memória, pelo tempo de colaboração (2012-2014).
Na altura, era frequente ouvir o conselho do Mestre, segundo o qual “o trabalho científico é o diploma mais valioso que um estudante, ou técnico superior, pode ter e apresentar em qualquer parte do mundo”. Animado com este conselho, assumi o compromisso de continuar o percurso que tinha começado, marcado igualmente pela participação em alguns eventos realizados em Luanda nos dois últimos anos (2015- -2017), nos quais apresentei artigos e comunicações que constituem o livro que agora sai a público.
Portanto, a sua publicação tem por objetivo despertar entre os “colegas”- ainda me revejo nesta condição – o interesse pela pesquisa científica, isto é, a reflexão crítica sobre os fenómenos que ocorrem na sociedade, ainda na fase estudantil, para que possam efectivamente contribuir para a resolução dos problemas que a afligem.
Alguns dos textos incluídos nesta colectânea foram publicados pela imprensa angolana, nomeadamente o Jornal Cultura (no qual colaboro há cinco anos), o Caderno Mutamba – Suplemento Cultural do Semanário Novo Jornal –, e pelo site Por Dentro da África, este último especializado na publicação de artigos, pesquisas e informação sobre o continente africano.
Importa referir que os três primeiros textos são os que mais alterações apresentam, tanto no conteúdo como no título, decorrentes do processo de revisão e, por conseguinte, da introdução de melhorias, em relação aos três últimos cujas versões são as que mais se aproximam das originais.
A arrumação dos textos não obedece a uma ordem cronológica, foi feita em função dos temas abordados – na sua maioria História e Literatura Angolana – que, ainda assim, não dão sequência aos textos anteriores, embora se possa ter esta impressão. A Literatura Angolana, como se sabe, surgiu num período marcado pela restrição das liberdades, no qual a apropriação da escrita permitiu que, entre outras coisas, se denunciassem as barbaridades praticadas pelo regime colonial.
O engajamento do escritor na luta de libertação nacional, que teve início na clandestinidade, constitui o eixo principal do primeiro texto apresentado, inicialmente, com outro título, Escrita e Liberdade. O papel do escritor numa sociedade colonizada, na palestra enquadrada no ciclo de atividades da Feira do Livro e do Disco organizada pela Fundação Sindika Dokolo em Agosto de 2016.
O segundo texto traz uma reflexão sobre a questão da identidade no período colonial, no qual o slogan Vamos Descobrir Angola trazia consigo o objetivo de resgatar a identidade cultural angolana, negada pelos colonizadores que impunham aos colonizados a cultura e a língua portuguesa.
A questão da identidade desperta o interesse de muitos sectores da sociedade angolana, e a pergunta levantada por um estudante sobre a possibilidade de ainda haver «verdadeiros angolanos», ou seja, «genuínos», é por si só um indicador da existência de uma corrente de pensamento que subestima as mudanças provocadas pelo processo de aculturação a que os angolanos estiveram submetidos, desde o período colonial.
O texto a seguir – o terceiro – foi publicado no site Por Dentro da África como “Resenha do Intelectual Negro e as suas Responsabilidades” – o discurso proferido por Viriato da Cruz no II Congresso dos Artistas e dos Escritores Negros realizado em Roma em 1959.
Os motivos pelos quais me debrucei sobre este discurso eminentemente cultural são vários, e vão desde a actualidade do pensamento do nacionalista angolano sobre as relações interafricanas, a identidade cultural africana no período pós-colonial, ao desconhecimento do intelectual, nacionalista e poeta que foi Viriato da Cruz, pela juventude angolana que no presente carece de referências históricas.
“O Intelectual Negro e as suas Responsabilidades” é um texto que, pela pertinência e abrangência dos temas que nele são analisados, constitui matéria de estudo para os especialistas em Relações Interafricanas, História de África, Literatura Africana etc.
De facto, a obra produzida por Viriato da Cruz, tanto no campo político como no campo cultural, torna-o digno de ser colocado no panteão angolano, ainda inexistente em Angola.
O quarto texto foi apresentado na tertúlia alusiva ao IV aniversário do Jornal Cultura, que decorreu no Salão de Conferências das Edições Novembro em Abril de 2016.
Tendo em conta o tema escolhido para o debate – O século XXI e a idade selfie. O papel da tecnologia digital na transformação das mentes e a sua repercussão no universo das Artes angolanas -, não pude deixar de assinalar a importância da referida ferramenta para a Promoção da Literatura na Era Digital – tema da comunicação apresentada no referido evento.
O quinto texto, inédito, resulta de um trabalho de campo efectuado em Malanje, em 2014. A apropriação de elementos culturais exógenos decorrente do processo de aculturação, constitui o cerne da abordagem em torno dos “Empréstimos Culturais” trazidos pelos contactos estabelecidos com o exterior que de algum modo exercem mudança de mentalidade, de comportamento, e não só, no seio de uma sociedade.
No sexto texto, publicado em 2016 pelo Caderno Mutamba – Suplemento Cultural do Novo Jornal -, faço um exercício de análise sobre O Choque de Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial, no qual foco a minha atenção no pensamento de Samuel Huntington sobre África, considerada pelo académico americano como um continente sem civilização própria.
Importa referir que o eurocentrismo e o afrocentrismo são visões opostas sobre o passado de África, havendo necessidade de estudá-lo na perspetiva endógena.
O último texto é uma reflexão em torno de falta do hábito e leitura no seio da classe estudantil angolana. Sendo um tema actual e frequentemente abordado nos meios de comunicação social, não pude deixar de refletir em torno do mesmo, a partir do diálogo estabelecido com uma jovem angolana, durante o qual a mesma manifestou o seu desinteresse pela leitura da obra de Pepetela, um dos escritores mais conhecidos da lusofonia.
Ao que parece, a perda dos hábitos de leitura é um fenómeno que se regista em várias partes do mundo, na Era Digital em que se verifica a tendência para a leitura de textos curtos que abundam nas redes sociais – as novas fontes de informação para muitos jovens que sobrevalorizaram as mesmas em detrimento da frequência das bibliotecas (físicas ou virtuais).
Não querendo alongar-me, gostaria apenas de relembrar que este livro é dirigido aos “meus colegas”, pelo facto de os textos que nele são publicados terem sido escritos por um estudante ciente dos seus limites e da imperfeição que todo o trabalho humano apresenta. Que a crítica especializada tenha em conta este aspecto e que a mesma seja feita de forma pedagógica.
A minha satisfação será maior se a consulta deste livro for seguida pelo debate, em particular entre os estudantes, sobre os temas que nele são abordados.
João Ngola Trindade
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